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“Temos o sonho de transformar SC em polo de inovação global”, diz Diego Ramos, presidente da Acate

“Temos o sonho de transformar SC em polo de inovação global”, diz Diego Ramos, presidente da Acate

“Precisamos democratizar cada vez mais a inovação”, diz presidente da Acate, Diego Brites Ramos

Setor sugere ao governo do Estado criar fundo de aval para alavancar R$ 1 bilhão de recursos para investimentos

Santa Catarina conta com um setor de tecnologia e inovação cada vez mais completo e internacionalizado. Mas a nova diretoria da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), que tem posse nesta quinta-feira (11), a partir das 18h30min, no Teatro do CIC, em Florianópolis, tem o sonho grande de tornar o Estado um polo de inovação global, destaca o novo presidente, Diego Brites Ramos.

– Eu acredito que temos condições para isso, e é uma das nossas prioridades tornar nossas empresas mais globais. Falo que precisamos ter as nossas WEGs da área de tecnologia vendendo para o mundo – afirma o presidente da Acate, fazendo referência à gigante catarinense WEG, que fornece tecnologias na área de energia para a maioria dos mercados do exterior.

Um dos passos para acelerar investimentos e essa internacionalização é a sugestão da Acate para que o Estado crie um fundo de aval para alavancar R$ 1 bilhão em crédito ao setor. Para o novo presidente da entidade, SC vive um momento especial de apoio ao setor, com a criação da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação pelo governador Jorginho Mello. O ultimo levantamento apurou que o setor de TI responde por mais de 6% do Produto Interno Bruto de Santa Catarina e oferece mais de 80 mil postos de trabalho diretos.

Diego Brites Ramos, sócio e diretor geral da empresa Teltec Solutions, sucede Iomani Engelmann, cofundador e diretor da Pixeon, na presidência da Acate, em mandato de dois anos. Em entrevista exclusiva à coluna, ele fala também de integração do setor de TI aos demais no Estado e sobre formação de talentos. Confira a seguir:

A posse festiva da nova diretoria da Acate acontece nesta quinta-feira, mas o senhor já está à frente da entidade desde o início de junho. O que priorizou até agora?

– Assumiu em primeiro de junho. Na verdade, acaba sendo uma gestão de continuidade, porque eu já participei ativamente da última gestão como vice-presidente de relacionamento. Nestes primeiros dias, nós participamos de agendas institucionais.

Estivemos com o secretário da Fazenda do Estado, Cleverson Siewert, para quem apresentamos um plano, uma proposta para alavancar o setor de tecnologia no Estado de Santa Catarina. Inclusive, tratamos sobre um fundo garantidor de crédito, no qual o governo colocaria R$ 100 milhões nesse fundo e nós alavancaríamos para R$ 1 bilhão, para que tivéssemos a oportunidade de levar mais dinheiro para mais empresas e cheques maiores.

Hoje começamos, depois de quatro décadas, praticamente, de ecossistema de tecnologia, a ter também muitas empresas maduras, que têm outras necessidades de investimentos, investimentos maiores. A ideia é conseguirmos olhar para estas empresas também.

Estive em Belém, na verdade em Santarém, no Oeste do Pará, visitando um projeto que a Acate está liderando com o apoio do Sebrae nacional, do Sebrae do Pará, para ajudar a construir um ecossistema de inovação em bioeconomia na região chamada do Baixo Amazonas. No ano que vem o Brasil tem a Cop30, que é a grande conferência do clima. A nossa intenção é ter esse projeto bem encaminhado ou finalizado até o momento da conferência, para apresentá-lo no evento junto com o Sebrae.

Além disso, tenho as agendas internas em Santa Catarina. Na semana passada, estive em Lages e em Joinville, visitando dois dos nossos oito pólos. Lá em Joinville, participamos do lançamento da Expoinovação, que ocorrerá em setembro, mostrando também que os eventos de inovação vão se espalhar cada vez mais por Santa Catarina.

A Expoinovação, por exemplo, já está na sua quarta edição. Então, nós vemos nosso setor realmente ganhando um protagonismo cada vez maior no nosso Estado.

O senhor pode detalhar um pouco mais sobre a importância desse fundo de aval ao setor?

– Com o aval do governo – de R$ 100 milhões – conseguiremos alavancar o valor em 10 vezes com outras agências de fomento, bancos.

O nosso grande sonho é que se pudesse ter um fundo de R$ 1 bilhão para trabalharmos nos moldes de fundos que nós criamos, do nosso fundo garantidor de crédito, que foi uma iniciativa de empresários da associação, que colocaram o dinheiro para criar o fundo lá atrás, em 2020, e hoje nós beneficiamos mais 90 empresas.

Agora, precisamos escalar isso, e acreditamos que é uma política pública. Não é novidade para ninguém que a tecnologia, hoje, é uma grande geradora de Produto Interno Bruto (PIB), de emprego, de renda, emprego de qualidade, que paga acima da média, é uma indústria limpa.

Não podemos perder a oportunidade de criar este novo vetor de desenvolvimento econômico e social do nosso Estado, uma nova economia. Eu acho que Santa Catarina está em franca evolução nesse sentido. A criação da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação foi um passo importante. Ter uma pasta que olhe para isso, que defenda isso dentro do Estado é importante.

Acho que por isso eu digo que estamos em um momento único para darmos um novo salto. Os centros de inovação do Estado estão recebendo apoio. O governo anunciou R$ 17 milhões para investimentos aos centros de inovação e existe a expectativa de isso ser ampliado. O atual governo, de Jorginho Mello, entende a importância de Santa Catarina criar um motor de desenvolvimento econômico através da nova economia.

O que a nova diretoria da Acate priorizará nesta gestão?

– A princípio são dois anos. Depois, pelo nosso estatuto, pode se reeleger por mais dois. A expectativa é darmos um novo salto em nosso ecossistema. Vamos, claro, procurar fortalecer cada vez mais os nossos oito polos. Muitas das ações que hoje acabam sendo centralizadas em Florianópolis, vamos levá-las para todas as regiões do Estado.

Além disso, queremos investir muito na parte de internacionalização das nossas empresas. Temos o sonho de ajudar a transformar Santa Catarina em um grande polo de inovação global até 2030. Eu acredito que temos condições para isso, e é uma das nossas prioridades tornar nossas empresas mais globais. Falo que precisamos ter as nossas WEGs da área de tecnologia vendendo para o mundo.

Isso fará com que consigamos atrair também grandes fundos, especialmente internacionais. Esses fundos, é claro, buscam investir em empresas que vendem para um mercado global e não somente para o Brasil. Atrair também iniciativas, laboratórios de grandes empresas de tecnologia, das big techs.

Queremos que quando o mundo olhar para a América Latina, entenda que Santa Catarina é o estado mais dinâmico quando se fala em inovação. Então, a parte de internacionalização é uma das grandes bandeiras para nossos próximos anos.

No ano passado, tivemos o lançamento da Acate Canadá no Startup Summer aqui em Florianópolis. Agora, em junho, aproveitamos uma missão para o Canadá e lançamos a Acate Canadá por lá. É um investimento que a associação está fazendo, com um time dedicado a essa iniciativa, o CNPJ lá no Canadá para atrairmos investimentos e potencializarmos cada vez mais este intercâmbio entre empresas de Santa Catarina e as do Canadá.

Claro que esperamos o apoio dos governos, tanto estadual quanto federal, para que estas iniciativas possam ser potencializadas, porque acaba que todo mundo sai ganhando quando colocamos Santa Catarina como um polo de inovação global.

Nós já temos empresas em condições de competir globalmente?

– Temos alguns exemplos bem-sucedidos, a própria Audaces, empresa do nosso setor que já exporta para outros países. Semana passada, eu estive em Lages onde está localizada a NDD Tech, que tem escritórios na Espanha e nos Estados Unidos. Também temos muitos fundos, empresas de fora que acabam adquirindo empresas em Santa Catarina.

Posso citar aqui, por exemplo, uma grande empresa de tecnologia italiana, a Zucchetti. A primeira aquisição dela ocorreu em Joaçaba e hoje ela já adquiriu outras empresas aqui de Santa Catarina.

Temos o grupo Volaris do Canadá que também já adquiriu algumas empresas aqui de Santa Catarina, inclusive a GOVBR de Blumenau. Temos, também, o IS Tech, um fundo americano, que é uma tese que pretende consolidar o mercado que chamamos de LogTechs, de tecnologia para logística também, adquirindo empresas em Chapecó.

O que ainda realmente precisamos, de fato, é ter mais visibilidade, então este plano de comunicação, que nós queremos promover cada vez maior, é para mostrar que estamos em um estado pequeno em território, na região sul brasileira, mas com grandes oportunidades de parcerias e de investimentos.

Além disso, sempre buscaremos outras iniciativas, com várias entidades, porque é claro que quando eu falo aqui de colocar Santa Catarina no mapa global de inovação, obviamente a Acate não faz nada sozinha, né! Precisamos cada vez mais dessa interação entre os principais atores, precisamos ter uma agenda de interesses comuns, e colaborar cada vez mais.

Um dos grandes motivos de termos chegado aonde chegamos é que envolvemos muita colaboração desses atores, e não podemos perder isso. Então, é algo que, com certeza vamos buscar contribuir para termos grandes feitos. Acreditamos que coisas grandes realmente precisam de movimentações conjuntas.

Precisamos unir o melhor do governo, com o melhor da academia, com o melhor da iniciativa privada da sociedade civil. Eu vejo que estamos hoje aqui com muito mérito, com muito esforço chegamos aonde estamos, mas eu diria que estamos na primeira e segunda marcha, precisamos engatar a terceira, a quarta marcha.

A Acate abriu esse escritório no Canadá. Já teve um escritório de apoio nos Estados Unidos. Vocês pretendem abrir algum outro escritório no exterior?

– Olha, eu acredito muito em foco. Estamos apostando na unidade do Canadá, até porque o nosso vice-presidente Internacionalização, Henrique Bilbao, continua morando lá, e o governo canadense e as agências lá de fomento estão nos apoiando bastante. Então, eu prefiro focar bastante, em um primeiro momento, nesta iniciativa para que realmente possamos fazer acontecer, não ficar somente no papel.

Depois, podemos pegar esse modelo e replicar em outros lugares. Obviamente, temos muitas pessoas que gostariam de estar representando a Acate, talvez em um modelo de embaixadores, alguma coisa assim, mas em termos de maiores investimentos neste primeiro momento estamos focados no Canadá.

Em agosto acontece em Florianópolis o Startup Summit, maior evento do setor no Estado. Como será a participação da Acate?

– A Acate continua como correalizadora do evento junto ao Sebrae de Santa Catarina. A expectativa é que seja o maior Startup Summit da história. Esperamos mais de 10 mil pessoas presenciais, de 14 a 16 de agosto, no Centrosul.

Algo que sempre preocupou a entidade é a questão da formação de pessoas. Como está atualmente?

– Se queremos almejar, por exemplo, chegar a 2030 com 10% do PIB do setor de tecnologia aqui em Santa Catarina, obviamente precisaremos de um número maior de mão de obra. A tecnologia está sempre evoluindo, agora temos a inteligência artificial, que é o que há de novo no momento e que se acredita que será um movimento maior do que foi a internet lá atrás.

Então a Acate continua, naturalmente, com a vice-presidência de Talentos. O empresário Moacir Marafon continua à frente dela e nós só iremos intensificar essas iniciativas.

Outro dia, eu estava falando com o executivo do Bradesco. Só o Bradesco tem 4 mil vagas de tecnologia em aberto. Nós vemos inclusive, hoje, grandes empresas adquirindo empresas de tecnologia menores mais para adquirir os seus talentos do que o próprio produto ou participação de mercado. Essas ações, com certeza, serão muito intensificadas.

Na sua opinião, como a tecnologia pode incluir mais setores no Estado?

– Eu particularmente acredito que a tecnologia, hoje, é um ponto central para integrarmos cada vez mais as regiões do Estado. Hoje, a tecnologia é transversal. Ela consegue não só unir essas regiões como unir as demais atividades econômicas, e nós queremos ser o elo dessa grande integração.

E, neste sentido, ajudar a modernizar também a nossa indústria, ajudar a criar novos motores de desenvolvimento econômico e promover essa integração. O futuro pertence a quem inova, então precisamos democratizar cada vez mais a inovação. Não podemos ficar com toda essa inovação só para o setor de tecnologia.

Falamos que temos que furar esta bolha. Então, é um desejo nosso, de fato, que possamos levar toda essa transformação digital para todos os demais setores econômicos do Estado, como a indústria, o varejo, o agro. Muitas vezes, nossas empresas de tecnologia oferecem soluções para fora e o Estado acaba não se beneficiando.

Estela Benetti
estela.benetti@nsc.com.br
https://www.nsctotal.com.br/