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Para continuar competitiva, indústria de MS precisa pensar na sustentabilidade

Para continuar competitiva, indústria de MS precisa pensar na sustentabilidade

A sentença não é de um economista ou de empresário do setor industrial, mas do pesquisador em descarbonização, Willian Pereira Gomes, do ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), localizado em Três Lagoas.

A afirmação decorre de acordo firmado na COP 26, Conferência do Clima da ONU (Organização das Nações Unidas), ocorrida em novembro de 2021, quando 68 países, entre eles o Brasil, se comprometeram a reduzir em 50% as emissões de poluentes, em especial carbono, até 2030, e zerar as emissões até 2050.

E claro que isso envolve não apenas o poder público, mas as indústrias e também Mato Grosso do Sul. Tanto que o Governo do Estado, junto com o setor privado e universidades, tem encabeçado e sendo parceiro em ações que visam o chamado carbono neutro, seja em fazendas, em unidades industriais ou na rotina do cidadão comum.

Para Pereira Gomes, entretanto, são as indústrias o foco principal, porque são os maiores emissores de dióxido de carbono, o CO2, principal causador do efeito estufa e do aquecimento global. “A indústria sabe que precisa se adequar e para isso, tem que correr contra o tempo. 2050 está aí e precisamos criar projetos para reduzir essa emissão e isso leva tempo, em média de três anos. Então, para ter uma tecnologia na escala industrial, 10 anos, por exemplo, já está no gargalo”.

E é justamente para suprir essa “fenda” entre as indústrias e as soluções que vão descarbonizar os processos industriais que o ISI Biomassa trabalha, aliando as ajudas ao meio ambiente ao trabalho industrial. “A gente faz o meio de campo que é a ciência da academia com aplicação já na indústria. Tanto que, por exemplo, 95% dos nossos projetos são com indústria”, declarou Willian.

Projetos – Entre esses projetos há dois que aliam a indústria do setor sucroenergético e da celulose, Governo de MS e o ISI Biomassa. Num deles, a iniciativa é realizar um inventário de emissões de gases de efeito estufa nas usinas de álcool de Mato Grosso do Sul. Ao final, haverá um mapeamento dos principais gases gerados e suas respectivas quantidades.

Conforme dados da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de MS), responsável por viabilizar os projetos, o mapeamento vai permitir que os gestores proponham medidas mitigatórias para o setor.

Outro é em parceria com indústria de celulose. Nele, a pesquisa é para produzir combustível limpo tanto em estado sólido quando líquido. “Esse biocombustível sólido e líquido é para gerar energia elétrica dentro da fábrica de celulose e usa a biomassa produzida lá, que são os resíduos do eucalipto”, explicou outra pesquisadora ouvida pela reportagem, Vivian Vazquez Thyssen.

Segundo ela, o papel desse biocombustível sólido líquido é substituir a energia elétrica ou mesmo a termelétrica nas máquinas e demais usos dentro da fábrica de papel. “Hoje, se usa muito a hidrelétrica, mas quando a hidrelétrica não é suficiente, se utiliza a termoquímica, por exemplo. Então assim, eu queimo um carvão mineral, ou outro combustível que vem do petróleo para gerar energia. Com o projeto, usamos a biomassa para gerar energia”, diz.

Infinitos usos – A biomassa é sempre um resíduo de algum processo, como o bagaço de cana depois de fazer a garapa, por exemplo, ou as cascas de banana, depois do consumo da fruta. Em casa, a geração dessas biomassas – que vão para o lixo – é pequena, mas na indústria, é gigantesca, chegando às toneladas. Saber o que fazer com isso que é necessário para reduzir o impacto no meio ambiente e a saída principal é a geração de energia através de produtos ou combustíveis com baixa ou mesmo zero emissão de gás carbônico.

Madeiras, lodo industrial e de estações de tratamento de esgoto, resíduos de granjas ou da criação de porcos e do confinamento de gado, casca de arroz, e muito mais são biomassas que podem ser utilizadas para a criação de novos produtos e energia. A transformação correta dessa biomassa permite um novo item que será sustentável, protetor do meio ambiente e vantajoso economicamente.

Nessa linha, outro projeto interessante em andamento é da criação de um biocombustível para ser usado em carros comuns, no dia a dia, contratado por uma indústria de óleo e gás. Vivian explica que nesse caso o uso não é de biomassa, mas se refere a uma transformação eletroquímica do gás carbônico e do metano, que é outro gás altamente poluente. “A gente pega uma célula eletrolítica, coloca CO2 e metano e vai sair o chamado gás de síntese, e você faz qualquer coisa a partir do gás de síntese”.

De plástico a combustível, o gás de síntese em estudo por essa indústria de óleo e gás através do ISI Biomassa visa criar um combustível limpo que ainda não foi definido. “A ideia é tirar esse metano e esse CO2 e produzir esse gás de síntese e esse gás de síntese gerar algum combustível renovável”, esclarece. Por fim, Thyssen comenta que o produto final dessa pesquisa vai poder ser usado nos veículos comuns.


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