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Expodireto Cotrijal: Fórum da Soja discute perspectivas de mercado e produção de biocombustíveis

Expodireto Cotrijal: Fórum da Soja discute perspectivas de mercado e produção de biocombustíveis

Fórum da Soja discute perspectivas de mercado e produção de biocombustíveis
Brasil deve ter quebra de 17 milhões de toneladas, segundo Pessôa

O 34º Fórum Nacional da Soja foi realizado na manhã desta terça-feira (5), no Auditório Central da Expodireto Cotrijal. O evento contou com palestras sobre tendências do mercado de soja e milho, além da produção do combustível do futuro a partir de fontes renováveis.

O fundador e CEO da Agroconsult, André Pessôa, abriu o fórum com uma palestra sobre o tema “Cenários Agroconsult para os Mercados de Soja e Milho – Safra 2023/2024”. Ele destacou que, em nível nacional, este é um ano com muita irregularidade em relação ao plantio de soja, cuja análise depende da época em que o grão foi plantado.

“As lavouras mais precoces sofreram muito no Brasil Central. Tivemos quebra de safra significativa em alguns estados, como é o caso do Mato Grosso, e algumas surpresas positivas em estados onde se esperava o efeito do El Niño, como Maranhão, Piauí e Bahia, que registraram uma boa safra. Mas, de uma forma geral, temos uma quebra no Brasil em torno de 17 milhões de toneladas”, pontua Pessôa.

Em relação ao Rio Grande do Sul, dados atuais da Agroconsult estimam uma produtividade de 53 sacas por hectare na atual safra, superando as 36,9 sc/ha do ciclo 22/23. Contudo, em sua apresentação, Pessôa analisou que a estiagem e as altas temperaturas em janeiro prejudicaram o potencial das lavouras em praticamente todo o Estado, com necessidade de boas chuvas até o início de abril. Sobre o milho, o palestrante destacou que a safra de verão foi um pouco abaixo da expectativa, também em relação ao clima, especialmente no Sul no Brasil, com chuvas em excesso durante o período de implantação da cultura.

“Na safrinha vai haver uma redução de área plantada no Brasil, não tão expressiva quanto se imaginava. O comportamento da produção vai depender muito do clima nos meses de março e abril, com necessidade de chuva no Centro-Oeste. Certamente, vamos produzir menos milho no Brasil este ano em relação a 2023. O reflexo ocorrerá, principalmente, sobre o volume exportado brasileiro, que deverá ter queda. Na safra 22/23, exportamos 55 milhões de toneladas de milho”, reflete Pessôa.

Biocombustíveis

Na sequência, o fundador e presidente da Be8 e do Grupo ECB, Erasmo Carlos Battistella ministrou uma palestra com o tema “Agro = alimento energia”. Ele também é cofundador e diretor do Conselho de Administração da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio). Battistella ressaltou que o produtor, além de alimento, produz energia renovável, setor que está em expansão no Brasil. O palestrante destacou que o agronegócio é o grande produtor de matéria-prima.

“Iniciamos com a cana-de-açúcar para etanol, passando pela soja para biodiesel, milho e, mais recentemente, trigo para etanol. Além disso, há outros biocombustíveis que se avizinham e devem chegar a partir de 2027 trazendo nova demanda para o agro. Temos que nos organizar para entender essas novas demandas que temos aqui no Brasil e no exterior”, disse Battistella.

Durante sua palestra, o especialista exibiu gráficos mostrando que 2023 foi o ano mais quente já registrado desde 1850, com uma elevação de 1,52ºC, indicando que o mundo está com a “luz amarela ligada” em relação ao aquecimento global. Ele também expôs possíveis cenários para 2030, quando é esperado que o mundo tenha em torno de 8,5 bilhões de habitantes, frente aos 8 bilhões atuais.

Eletrificação, hidrogênio, SAF (sigla em inglês para Sustainable Aviation Fuel ou Combustível Sustentável de Aviação), eFuel e amônia foram apontados como possíveis oportunidades de negócio para o agro. “Vamos usar petróleo por mais 30, 40, 50 anos. Não tem uma tecnologia para substituir amanhã”, relatou Battistella ao mesmo tempo em que incentivava os produtores a ingressarem na produção de biocombustíveis.