Durante muito tempo, fomos enganados. Acreditávamos estar comprando azeite extravirgem, quando, na verdade, adquiríamos fluido para acender lampiões. Isso mesmo, você leu certo. Vendiam-nos óleo lampante. A verdade veio à tona quando um estudo divulgado pelo Ministério da Agricultura, durante a Expointer, revelou que 84% dos azeites importados rotulados como extravirgem não atendem a essa classificação, enquanto os nacionais não apresentaram falhas. Isso nos convoca a uma urgente sanção comercial. Não se trata apenas de sermos iludidos: estamos sanitariamente vulneráveis.
Atualmente, as importações correspondem a 99% dos produtos consumidos no país. Quando compreendemos que nossa dependência do mercado internacional sujeita milhões de brasileiros a problemas de saúde, entendemos que urge uma mobilização conjunta dos organismos de governo e justiça para que se apropriem do tema e protejam os cidadãos dos riscos dessas fraudes alimentares.
Sabemos que o Brasil nunca apostou efetivamente na olivicultura. Mas, agora, com a revelação da inspeção feita pelo Mapa, não há mais o que justifique a ausência de uma política pública de fomento ao setor. A produção nacional merece ser valorizada, estimulada e reconhecida. Temos no Estado azeites que são verdadeiros tesouros.
Em algumas décadas, a autossuficiência em azeite pode se tornar realidade. Não é exagero acreditar nisso. A Embrapa indica que podemos saltar de 6,4 mil hectares de pomares para 1 milhão apenas no Rio Grande do Sul.
Na Assembleia Legislativa, formamos a Frente Parlamentar das Oliveiras e estamos elaborando um projeto de lei para implantar um programa permanente de desenvolvimento da cadeia produtiva. Além disso, estamos empenhados em viabilizar a construção de um laboratório de análise sensorial. Uma boa saúde começa no prato. Não podemos seguir colocando na mesa de nossas famílias aquilo que os mercados europeus tratam como rejeito.